O legado de René Amengual, 112 anos após seu nascimento

Data: 30/08/2023

112 anos após o nascimento de René Amengual (2 de setembro de 2011 - 2 de agosto de 1954), relembramos o seu legado como pianista, educador e compositor chileno.

René Amengual iniciou seus estudos musicais com sua mãe, Aurora Astaburuaga, que lhe ensinou suas primeiras obras para piano. Ingressou no Conservatório Nacional de Música do Chile em 1923, quando tinha apenas 12 anos. Foi aluno de piano de Rosita Renard e Alberto Spikin, e de Pedro Humberto Allende em composição.

Em 1928, como assinala Raúl Besoaín no livro René Amengual, um amante da música, para ajudar a pagar os estudos, Amengual tocava piano no Teatro Vênus de San Bernardo, enquanto o público apreciava os filmes mudos exibidos. Nesse mesmo teatro deu um dos seus primeiros concertos, juntamente com a Banda da Escola de Infantaria.

 

Em 1936, integrou a reunião fundadora da Associação Nacional de Compositores (ANC), criada por Domingo Santa Cruz, cujo objetivo era garantir a identidade da música erudita chilena. Em 1937, ingressou no corpo docente do Liceu Experimental Manuel de Salas, criando nessa época o Hino do Liceu.

Em 1940, juntamente com Elena Waiss, Alfonso Letelier e Juan Orrego Salas, fundou a Escuela Moderna de Música y Danza, que só receberia reconhecimento como instituição profissional em 1989.

Para a comemoração do centenário da Universidade do Chile, é realizado um concurso para escolha do Hino institucional, René Amengual junto com o poeta Julio Barrenechea ganham o Prêmio Único com “Graduado, professor, aluno”, que foi lançado no dia 19 de novembro, 1942 no Teatro Municipal, interpretado pelo Coro e Orquestra Sinfônica, dirigido por Armando Carvajal.

Em 1943, recebeu uma bolsa do Instituto de Educação Internacional para estudar nos Estados Unidos e dar concertos de obras acadêmicas chilenas. No total, deu 32 concertos nos quais interpretou obras de Soro, Leng, Allende, Isamitt, Bisquertt, além de compositores latino-americanos como Guarnieri (Brasil), Fabini (Uruguai), Manuel Ponce (México), entre outros.

Foi tão bem recebido em Nova York que deu uma série de palestras na Eastman School of Music e na Columbia University, onde foi apresentado por Eleanor Roosevelt no Auditório da Universidade. Além disso, deu conferências nas Universidades da Pensilvânia e de Boston. A repercussão de Amengual nos Estados Unidos foi tanta que a rádio NBC transmitiu suas obras, executadas pela orquestra da rádio, sob a direção de Leopoldo Stokowsky. Seu "Prelúdio Sinfônico" e "Quarteto No. 1" tiveram uma ótima recepção. Em 1944, na Julliard School of Music, estreou a sua "Sonata para violino e piano", composta em solo norte-americano.

De volta ao Chile, em 1944, retomou a atividade pedagógica, mas graças à experiência nos Estados Unidos, quis replicar os espaços e estruturas de educação musical, pois era necessário ter salas adequadas para ensinar e apreciar música. Por isso, desde que se tornou diretor do Conservatório, em 1947, solicitou às autoridades governamentais o envio de um projeto de lei para a criação de um novo edifício, maior e mais moderno, para o Conservatório.

Em 1950, nos Segundos Festivais Musicais do Conservatório, Amengual apresentou algumas obras, entre as quais “Dez prelúdios curtos” e “Concerto para harpa e orquestra”, que obteve o segundo prémio. Este trabalho foi iniciado nos Estados Unidos e finalizado no Chile, e é o primeiro a receber influência norte-americana, elementos do jazz estilo Gershwin. Em 1953, apresentou-se nos Terceiros Festivais Musicais com a obra "Sexteto de sopros", que foi escolhida para representar o país no 27º Festival da Sociedade Internacional de Música Contemporânea (SIMC), organizado, entre outros, pelo compositor chileno Carlos Riesco e que aconteceria em Oslo, em 1953.

Em 1953, Amengual viajou para a Noruega para o Festival SIMC, junto com Domingo Santa Cruz. Sua obra “Sexteto para ventos” recebe menção honrosa no festival. Depois, Amengual e Santa Cruz fazem um tour por vários países europeus patrocinado pelo SIMC e participam de conferências sobre educação na Unesco.

Em 2 de agosto de 1953, René despediu-se do amigo Domingo, que estava hospedado em Salzburgo, e voltou ao Chile.

Um ano depois, René Amengual morreu de peritonite mal diagnosticada, deixando todo o país de luto, no momento em que Claudio Arrau estava em turnê pelo Chile.

Uma das últimas pessoas que esteve com ele foi sua amiga Elena Waiss, e Alfonso Letelier teve a missão de se despedir dele no velório realizado por seus colegas e alunos do Conservatório.

René Amengual teve uma vida muito breve em que se dedicou integralmente ao ensino e à música, deixando um legado fundamental para a música erudita chilena.

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